O palestrante Bruno Magalhães
D’Abadia, que é servidor no Tribunal de Contas da União trouxe em sua palestra
uma discussão a cerca do Processo Legislativo Orçamentário e o Orçamento
Impositivo.
Na introdução explicou que o
orçamento é aprovado por Lei ordinária e as iniciativas dos projetos de Lei do
PPA, LDO e LOA são do Presidente da República, sendo o MPOG (Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão) o responsável pelo planejamento, fixação das
diretrizes, orientações e parâmetros que os demais órgãos e entidades
pertencentes ao sistema de orçamento devem seguir ao elaborarem suas propostas.
A CMO (Comissão Mista de Orçamento)
composta por 30 deputados e 10 senadores é responsável pelos pareceres
temáticos que serão levados ao plenário para apreciação. Essa Comissão é
formada por quatro comitês: avaliação, fiscalização e controle da execução
orçamentária; avaliação da receita; avaliação das informações sobre Obras e
Serviços e o comitê de Admissibilidade de Emendas.
Com relação as emendas, elas podem
ser propostas visando corrigir erros e omissões ou o próprio texto do projeto
de lei, mas sempre devem ser compatíveis com o PPA e a LDO. No tocante às
emendas de aumento de despesa, elas somente podem ocorrer uma vez que seja
cancelada uma outra despesa, desde que não sejam dotações destinadas aos gastos
com pessoal e seus encargos, serviço da dívida e transferências tributárias.
As emendas podem ser de
remanejamento, apropriação e cancelamento e poderão ser apresentadas por
comissões permanentes do Senado e da Câmara dos Deputados, pelas bancadas
estaduais e ou mesmo individuais, onde cada parlamentar pode apresentar até 25
emendas.
A análise do palestrante é de que na
prática, as emendas não possuem seu mérito analisado devidamente, os critérios
técnicos são ignorados e não são avaliadas as prioridades, nem as reais
necessidades de gastos públicos. Segundo ele, o que ocorre na verdade é a
separação de uma parte da receita pra responder as emendas e a sugestão dos
parlamentares com relação aos aumentos das dotações são feitas de acordo com
seus próprios interesses.
Uma vez que o poder executivo é o
principal responsável pela implementação das políticas públicas ele é quem
decide onde será alocado o recurso público. O relacionamento político entre
executivo e legislativo é visto de maneira mais estreita quando se analisa o
Sistema de governo, que no Brasil vigora como o Presidencialismo de Coalizão.
A negociação entre o Presidente da
República e os partidos do Congresso Nacional permite que o Executivo aprove
suas demandas. Dessa forma o processo legislativo passa a ser comandado pelo
Executivo. O Executivo tem o poder da agenda e influencia, via Colégio de
líderes, as votações no Congresso Nacional.
A forma autorizativa do orçamento
como está concebido atualmente estima a receita e fixa um teto para as
despesas, que não podem ultrapassar o que está definido na LOA. E existe ainda
a discricionariedade pelo poder executivo de decidir como será executada a
despesa.
Bruno traz em sua apresentação o
seguinte questionamento:
-Como o processo orçamentário pode
ser mais representativo?
E ele argumenta que o poder
legislativo ainda é visto como o maior representante das demandas da sociedade.
Assim ele deve garantir a participação efetiva dos parlamentares, sem que isso
gere demasiado engessamento da máquina pública e de forma que as finanças
públicas não sejam prejudicadas.
Outro problema apontado por ele que
também prejudica o processo orçamentário e sua representatividade é a falta de
critérios para aprovação de emendas parlamentares, somado à estrutura do
orçamento autorizativo e a dominação do Legislativo pelo Executivo.
Se por um lado temos o orçamento
impositivo que garante uma maior participação do Legislativo, por outro ele
pode engessar a atuação do executivo. A tendência é que o Legislativo eleve as
previsões da receita para comportar todos os interesses dos parlamentares, o
que pode gerar maiores despesas, incompatíveis com as receitas arrecadadas.
Podendo apresentar déficits fiscais, e demais impactos que aumentem a dívida
pública.
Para Bruno, o sistema político
brasileiro não permite a adoção de um orçamento impositivo, não porque esteja
certo como está, mas sim porque o Congresso Nacional não possui
responsabilidade para aprovar créditos orçamentários com critérios e objetivos
claros, devido aos problemas de conduta dos parlamentares. Deve haver sim uma
maior participação do poder legislativo, através de reforma política e da
instituição de procedimentos e técnicas para análise das receitas e das
despesas.
Ao final da palestra foram feitas
perguntas relacionadas ao tema apresentado, uma delas era com relação as
mudanças que o voto distrital traria ao problema de representatividade e se
isso se acomodaria com o orçamento impositivo.
Bruno respondeu que a reforma
política vai além da mudança do voto distrital (que é só uma parte da reforma
política), mas no caso brasileiro ele seria interessante em termos de
representatividade, pois aumentaria a ligação da sociedade com o parlamentar.
Caso os parlamentares possuíssem um compromisso maior haveria maiores critérios
na votação das emendas parlamentares, mesmo que não aumentasse a
representatividade. O que acontece na nossa realidade é uma propaganda política
sobre o orçamento autorizado e o que predomina é uma troca de favores. Para ele
os critérios em toda administração pública deveriam ser mais claros, com
cultura de responsabilidade e deveria se reforçada a questão do mérito dando
fim às trocas de favores.
Parabéns aos alunos pelo desenvolvimento do blog e pela forma como vem abordando os temas palestrados.
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